Sim, exatamente isto: a família e a sociedade precisam do PAI.
Nas últimas décadas, as famílias têm-se tornado frágeis, com rupturas das relações conjugais cada vez mais frequentes e precoces. A sustentação da vida de casal pressupõe afetividade e desejo de superação dos desafios inerentes à existência humana no caminho a dois. Será que o homem e a mulher estão-se preparando adequadamente para esta jornada?
Sabemos que há várias forças adversárias da família natural atuando, ora de forma subliminar, ora de modo incisivo, mas todas são convergentes para o mesmo objetivo: debilitar o berço em que nasce a sociedade.
As atitudes mais recorrentes para este fim têm sido a criação de rivalidades entre homens e mulheres e a desqualificação sistemática do homem e de suas características masculinas.(Precisamos admitir que existem pessoas de má índole ou conduta, independentemente do sexo.)
Então, como tem sido a vida em família sem a presença do pai, em que a mulher assume todas as funções educativas e formativas diante dos filhos? É claro que há exemplos louváveis de grande superação por parte de mães frente a este tipo de dificuldade. Mas chamo a atenção para o fato de que a exceção está sendo naturalizada, banalizada, havendo o risco de se tornar uma regra.
Assim, em futuro próximo, teríamos um retrocesso em que o homem seria apenas procriador, talvez provedor, mas não mais um educador dos próprios filhos.
O papel do pai não é opcional e não deve ser descartado pela família pois, assim como o papel da mãe, tem alta relevância na formação das crianças e adolescentes.
O pai ideal traz em si a autoridade, o exemplo de homem, a clareza e objetividade, a força, o senso de justiça e a capacidade de realização.
No entanto, o que estamos observando é uma tentativa de esvaziamento da função do pai, e com isto, a deficiência na educação da criança e do adolescente. É no convívio familiar que as crianças observam as atitudes e relações dos adultos, a dualidade entre homem e mulher, entre pai e mãe, e, por imitação, apreendem seu modo de viver.
Um menino, para se tornar um homem, precisa ter o exemplo do pai no dia-a-dia, fazendo tarefas, cuidando dos filhos e relacionando com a esposa e, junto com ela, sonhando uma vida melhor.
Uma menina, para se tornar uma mulher, além do exemplo da mãe, também precisa perceber o pai em suas atribuições e qualidades para poder definir o seu futuro companheiro de jornada.
O pai é o herói que nos ensina a enfrentar o medo e sair de casa para vencer o mundo.
Resgatar a função do pai significa ter compromisso com o que deve ser feito, dar limites, ser ético e coerente, ter coragem de defender valores e impedir a degradação das relações humanas. É dar um basta às arbitrariedades cometidas por homens que querem subjugar outros homens. É buscar incessantemente a Verdade oculta e revelá-la.
Assim, há milênios, é a partir da família natural que a sociedade é formada. As mulheres, com sua sensibilidade, espiritualidade, amorosidade e maternidade aliadas aos homens, com sua racionalidade, virilidade, comprometimento e paternidade, criaram toda a civilização conforme a conhecemos.
Em que pese o processo de desenvolvimento de cada ser humano ter suas características particulares, assim como cada nação ter sua sociedade e cultura próprias, a evolução humana necessita de determinadas condições para fluir de modo crescente.
Sob o olhar daqueles que entendem a vida terrena como campo para o aprendizado e o crescimento espiritual, vemos a civilização ocidental em momento de grande reflexão, a partir de cada indivíduo. É imprescindível a mudança de paradigmas para que ressurjam a esperança e a confiança na própria humanidade que vive em cada um de nós.
Peço a todos que se sintam sensibilizados para buscarem uma atitude renovada e assumir com os demais homens e mulheres a responsabilidade de dignificar a vida em família e em sociedade a partir da revitalização dos valores humanos essenciais e eternos.
Dra. Ana Cristina C. L. Malheiros
