Diante do mundo atual, observamos grande diferença entre os níveis de consciência, uns fazem muito, mantendo seu compromisso com a evolução e outros ficam estagnados, alienados quanto ao seu contexto de vida. Mas há no ar uma suspeição quanto ao dito comportamento competitivo, principalmente no campo profissional, que pretende que os honestos e bem-sucedidos sejam culpabilizados pelo fracasso dos inoperantes. No meu entendimento, há competição saudável quando admiro as qualidades e habilidades de outra pessoa e me proponho a buscar desenvolvê-las em mim.
Face a esta realidade, eu tenho refletido sobre esta pergunta: quando o esforço é recompensado, trata-se de sorte ou de mérito?
Particularmente, fui educada a me empenhar para obter as conquistas desejadas. Em casa, era importante cumprir com as minhas tarefas e colaborar nas atividades cotidianas, para haver a satisfação dos pais e harmonia familiar. Eu ficava alegre pelas duas coisa: por ter aprendido a fazer alguma tarefa de casa e por ter cooperado com o bem-estar da família!
Assim também ocorria na escola, em que a minha dedicação e bom desempenho precediam boas notas e elogios.
Considero que este tipo de educação foi bastante valioso, pois me direcionou a empenhar-me para superar dificuldades, ao invés de optar pela desistência e queixar-me das frustrações. Sendo assim, por mais difícil que fosse a situação, eu me dedicava a estudar e me preparar melhor, mesmo em extensas horas madrugada adentro, para transpor aqueles obstáculos com obstinação e esperança. O apoio e o incentivo amoroso que eu recebia de meus familiares, devo ressaltar, davam-me força e coragem de seguir em frente.
Enquanto relato aqui estes pensamentos, relembro de minhas vivências como aluna de colégio e, mais tarde, como acadêmica de Medicina. Tudo valeu a pena!
Se eu já tinha esta convicção, quero contar-lhe o que aconteceu comigo recentemente.
Mas antes, preciso dizer que estou sempre buscando conhecer mais sobre o ser humano. Então, após a formação em Medicina, decidi realizar a Residência Médica em Psiquiatria, como minha especialização, pois assim, associaria os conhecimentos sobre o organismo e o psiquismo.
Alguns anos depois de iniciar a minha prática médica em hospitais, por testemunhar o sofrimento de tantos pacientes e seus familiares devido às patologias psiquiátricas, percebi a grande necessidade de atuar de forma mais preventiva. Então, realizei a formação em Medicina Antroposófica pela ABMA (Associação Brasileira de Medicina Antroposófica), para compreender melhor as fases do desenvolvimento humano e também poder usar seus recursos terapêuticos e preventivos. Desta forma, passei a atuar com a Psiquiatria ampliada pela Antroposofia.
Após mais alguns anos de atuação profissional, devido a uma paciente em tratamento para câncer, foi necessário me aproximar da Oncologia e Cuidados Paliativos, aplicando os conhecimentos e técnicas da Medicina Integrativa nesta área. Sempre estudando, sempre aprendendo, sempre interagindo. Penso: "Eu preciso ter a humildade como atitude e sentir-me como um eterno aprendiz. Desta maneira, posso servir melhor à medicina e à humanidade".
E reforço: Tudo valeu a pena!
Então, vou contar o que ocorreu. Nesta semana, chegou pelos Correios, uma correspondência especial, há muito tempo esperada, vinda de Dornach, Suíça. Ao abri-la, fiquei muito emocionada, pois continha o meu Certificado Internacional como Médica Antroposófica, emitido pela Seção Médica do Goetheanum, sede mundial da Antroposofia.
Neste ano, completo 33 anos de Medicina e 25 anos de formação como médica antroposófica! Nem preciso dizer sobre o meu contentamento e minha alegria!
Então, refletindo melhor, sinto que esta conquista tão desejada é manifestação da justiça divina, que reconhece a honestidade, a perseverança e a dedicação que ao longo do tempo floresceram na minha carreira médica. Esta justiça divina, manifestada em exemplos como este, é o alento que faz com que as pessoas avancem em busca de seus sonhos e realizações!
Diante desta exposição, deixo para você responder: o esforço recompensado é sorte ou mérito?