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Dia Mundial da Saúde Mental

Diante da situação atual tenho escutado e lido inúmeros questionamentos: “O mundo se tornou um lugar inóspito? Estamos chegando no limite?”

Refleti muito sobre isso nos últimos dias e acredito que não! Mas calma, irei explicar. O mundo natural continua maravilhosamente harmonioso, mantendo seus ciclos de vitalidade. Agora mesmo, enquanto escrevo, chove lá fora e a mata de araucárias mostra seu verde benigno e relaxante.

Mas qual é o motivo de tanta irritabilidade, tensão, ansiedade e angústia? 


Por ser médica psiquiatra, muito frequentemente, estou diante de pessoas que relatam seu sofrimento. E, pela escuta atenciosa, tento desvendar o que causou aquele desequilíbrio ou adoecimento.


Evidentemente, o foco desse recorrente problema não se concentra na relação de cada ser humano com a Natureza, e sim, na interação entre as pessoas em seus grupos. A maneira como isto tem ocorrido está tornando os indivíduos mais vulneráveis às doenças psíquicas. Na minha percepção, um dos elementos que causam maior dor é não ser compreendido. Portanto, estar diante de outro ser humano e receber dele a atenção e escuta necessários, já cria o ambiente anímico inicial para a recuperação do bem-estar e confiança.

O sofrimento concernente à doença não surge para nos fazer sucumbir, mas, pelo contrário, é oportunidade de reavaliação existencial dos nossos valores para mudança de atitude diante da vida. Este caminho é proporcionado pela Psiquiatria ampliada pela Antroposofia, contribuindo para a melhor integração entre corpo, alma  e espírito e para prevenção e tratamento integral do ser humano.

 Obviamente, esta qualidade de interação não deve estar presente apenas na relação médico-paciente, ou seja, felizmente não é preciso ficar doente para ser escutado.

Sendo assim, então, precisamos compreender o que está acontecendo e por que há tanto atrito e incompreensão nas relações atuais. 

Esclarecendo de uma maneira mais simples: estamos permeados por desarmonia e desassossego; e como consequência, acabamos consumindo nossa energia em debates e discussões, esquecendo da arte do diálogo.

Mas quem fala? E quem escuta?*

Para haver o entendimento recíproco, é fundamental criar tempo e espaço.

O Tempo é vida dedicada àquele encontro humano e o Espaço é a alma que se abre para a troca. Somente quando criamos o espaço intersubjetivo é possível compartilhar experiências, revisar conceitos, reciclar sonhos e crescer como ser humano.


Afinal, o fato de a pessoa isolada se sentir como individualidade não exclui que ela também se sinta unida a toda a humanidade. Na evolução humana, ninguém tem o direito de sentir-se como individualidade, caso não se sinta, ao mesmo tempo, membro da humanidade inteira.”(Rudolf Steiner)


E é exatamente porque não estamos realizando isto, que estamos tão infelizes. Nós nos habituamos a realçar a individualidade, a diferença, a diversidade. Porém, é imprescindível somá-las à totalidade, à afinidade, à igualdade, pois assim é possível gerar equilíbrio e construir consenso.

É no exercício do Diálogo, que começamos a vislumbrar possibilidades de superação das adversidades, com criatividade e bom-humor, buscando dar apoio uns aos outros e novo sentido às nossas ações.

Neste contexto histórico desafiador, mais do que nunca é essencial valorizar a Saúde Mental como base do autoconhecimento e realização do propósito existencial.  Temos a responsabilidade e a oportunidade de transformar o destino a partir do despertar da consciência.

“Se quisermos alcançar o Bem, precisamos dedicar tempo para isso. O tempo que dedicamos a alguma coisa é a medida do nosso amor por ela. E sem amor, nenhum trabalho prospera”.(Hugo Kükelhaus)


Celebro 34 anos dedicados à Psiquiatria com profunda gratidão.


E, acrescento que, mesmo na pandemia, você deve estar atento sobre sua saúde, procurando consultar o médico, se necessário. Lembre-se, inclusive, de que está sendo realizado teleatendimento, exatamente para que seja acessível o cuidado profissional.

Dra. Ana Cristina C. L. Malheiros

Para nos inspirar:


- Audição e Fala - João Torunsky: *

A audição e a fala são dons que temos e estão intimamente relacionados um com o outro. Quando falamos, nos escutamos a nós mesmos. E quando escutamos alguém falando, nossas cordas vocais vibram simultaneamente. Na realidade, quando ouvimos uma outra pessoa falando, não apenas as nossas cordas vocais vibram: nosso corpo inteiro vibra muito suavemente também. Fisiologicamente não existe um ‘falar sem ouvir’, tampouco um ‘ouvir sem falar’. Falar e ouvir são como dois lados de um todo. Vemos na fisiologia, assim como em tantas outras situações, que recebemos inconscientemente uma sabedoria do nosso corpo, tal como uma orientação para aquilo que temos de desenvolver conscientemente em nossa alma: a audição e a fala necessitam estar intimamente relacionadas, uma com a outra.

Aquilo que não é possível fisiologicamente, pode se tornar o normal animicamente. Que, quando escutamos o outro falar, não estamos realmente ‘vibrando’, no íntimo, com aquilo que ele está nos dizendo. Quantas vezes, enquanto escutamos o outro, estamos pensando os nossos pensamentos, sentindo os nossos sentimentos. Estamos com a boca cerrada, mas ao mesmo tempo falando em nosso íntimo e não estamos, realmente, escutando o outro. Nos admiramos, então, que não compreendemos o outro.

Quando falamos para o outro, quantas vezes não estamos, na verdade, escutando aquilo que estamos dizendo, ou seja, não estamos ponderando o significado que a nossa fala terá para o outro, não estamos sentindo as consequências que as nossas palavras terão para o relacionamento. Nos admiramos, então, que o outro não nos compreenda.

Podemos ouvir e falar no âmbito do nosso corpo, mas corremos o risco de sermos surdos e mudos no âmbito das nossas almas.

O que nos pode ajudar nessa situação é aquilo que o Cristo Jesus falou para o surdo e mudo, quando o curou: “Efatá, isto é, Abre-te.”

Não são os nossos ouvidos que têm de se abrir para que possamos ouvir. Não é a nossa boca que tem de se abrir para que possamos falar. O que tem de se abrir é o nosso coração. Com os ouvidos podemos ouvir o que o outro está nos dizendo. Com o coração podemos compreender o que o outro está querendo nos dizer. Com a boca podemos falar o que queremos dizer. Com o coração podemos ponderar como nós devemos dizer, para que o outro possa nos compreender.

Assim podemos sentir o Cristo Jesus falando para nós: Efatá, isto é, abre o teu coração, quando estiver ouvindo; abre o teu coração quando estiver falando.

João F. Torunsky


Links recomendados:


- Aleluia | Euritmia:

https://www.youtube.com/watch?v=3GwgyyELv-0


- Milhares de cientistas denunciam fraude da pandemia de Covid-19 e riscos do isolamento:

https://www.estudosnacionais.com/29324/milhares-de-cientistas-denunciam-fraude-da-pandemia-de-covid-19-e-riscos-do-isolamento/

- “Crimes contra a humanidade” - A investigação Alemã:

https://www.globalresearch.ca/video-crimes-against-humanity-the-german-corona-investigation/5725795




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