Sabemos que a história da Psiquiatria já atravessou fases sombrias, havendo diversos fatores que corroboravam para o fracasso terapêutico, como as condições materiais, sociais e o próprio conhecimento sobre as doenças mentais.
Há 34 anos acontecia a primeira Conferência Nacional de Saúde Mental no Brasil, reorientando o modelo de atenção à saúde mental, defendendo os direitos dos que necessitam do tratamento e buscando formas de assistência em liberdade, com a implementação dos espaços substitutivos aos manicômios.
A Saúde Mental é um tema muito relevante, ainda mais neste período de pandemia, quando muitas pessoas têm apresentado quadros depressivos, ansiosos e esgotamento físico e psíquico.
Por ser uma especialidade médica, a Psiquiatria deve buscar o aprimoramento e trazer seus avanços para a sociedade, tanto com relação aos medicamentos, quanto ao tratamento humanizado.
Sobre a medicação, é inegável a melhoria da qualidade dos psicofármacos, com a redução de efeitos colaterais e aumento dos efeitos terapêuticos. No entanto, a medicação não deve ser definida como único pilar terapêutico.
Durante décadas, no atendimento a pacientes psiquiátricos, sempre considerei fundamental que, desde a acolhida ao paciente, é essencial levar uma série de fatores em consideração, como: valorizar a motivação do paciente, a abordagem da família, a interação da equipe interdisciplinar, entre outros. Assim, há maior probabilidade de remissão de sintomas e sucesso na estabilização do quadro patológico.
A saúde mental revela-se preponderante no gerenciamento da vida cotidiana, nas tomadas de decisão e, principalmente, nas relações interpessoais. Além de ser a base da autopercepção, manifesta-se como o reflexo integrado do bem-estar físico e do equilíbrio emocional.
Diante do cenário atual, tornou-se essencial voltar a atenção para o autocuidado, entender melhor as necessidades físicas e psíquicas de cada um de nós, de nossos familiares e amigos. Desta forma, podemos criar melhores condições para termos a saúde integral preservada.
Está cada vez mais evidente o quanto sentimos falta do convívio com outras pessoas, da alegria de boas conversas, companhia, do calor humano. Portanto, para renovar sua função no campo social, a psiquiatria precisa enfatizar as ações ligadas à prevenção de doenças e promoção da saúde.
Dra. Ana Cristina C. L. Malheiros
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