Assim era o título da redação (na época, o termo era “composição”) com que comemorávamos o Dia do Professor, quando eu era estudante. A escola em festa, alunos faziam apresentações artísticas, danças, versos, teatro, discurso da diretora e, para finalizar, um lanche especial.
A homenagem expressava nossa profunda gratidão, quase uma veneração, às dedicadas professoras que diariamente perseveravam em nos ensinar.
Fazendo uma retrospectiva, constato que foram incontáveis os professores que fizeram parte da minha trajetória. Muitos se superavam para nos responder em nossa curiosidade e todos tinham seu exemplo de vida para compartilhar conosco. Afinal, era indisfarçável a característica de cada um: a retidão do colérico, a compaixão do melancólico, a complacência do fleumático e a jovialidade do sanguíneo.
Hoje eu reconheço que, durante toda a minha vida como estudante, os professores que eu admirava eram os verdadeiros representantes da humanidade e me mostravam as nuances tão diversificadas do ser humano.
E hoje, passado tanto tempo, ainda me sinto estudante. Guardo a máxima: “Ter a humildade de ser um eterno aprendiz”.
Tenho estudado dedicadamente as questões relativas à nossa época, de forma abrangente e dinâmica, em todas as suas dimensões: saúde, política, economia, sociedade.
E, como gesto de gratidão pelo ensinamento que recebi de tantos professores, desejo-lhes dizer, como médica, o que aprendi.
O professor não é substituível pela tecnologia, porque não é mero transmissor de informação.
Jamais.
Sua presença plena diante da criança e do jovem contém a poderosa e cativante qualidade do encantamento e da coerência.
Quando está diante do professor que ama aquilo que faz, o aluno põe sua alma em movimento e usa a chave do afeto para abrir a porta do pensamento.
Com base em tudo o que tenho estudado, na busca persistente pela Verdade, peço a você, amada professora, querido professor, volte-se para a renovação da escola.
Confie, tenha a coragem de liderar o convívio saudável na comunidade escolar, pautado em bons princípios e, não, em ideologias.
Em tempos de grande desafio, que o medo e a insegurança sejam superados pelo forte desejo do reencontro com os ideais, da retomada da vocação e do trabalho gratificante.
Volte a ocupar o seu lugar no mundo, ponha-se onde merece estar.
Dialogue com os pais, colaboradores e com outros professores, para que seja transposto o confinamento em cartilhas pré-formatadas, cujo conteúdo desrespeita os valores essenciais ao desenvolvimento humano.
E para que haja a cura na vida em sociedade, é imprescindível que surja o renascimento da arte de educar.
Dra. Ana Cristina C. L. Malheiros
Para nos inspirar:
"Não há, basicamente, em nenhum nível, uma outra educação que não seja a auto-educação. [...] Toda educação é auto-educação e nós, como professores e educadores, somos, em realidade,apenas o entorno da criança educando-se a si própria. Devemos criar o mais propício ambiente para que a criança eduque-se junto a nós, da maneira como ela precisa educar-se por meio de seu destino interior."
Rudolf Steiner, fragmento extraído da GA 306
