As festas cristãs, que ocorrem em épocas específicas do ano, detêm nos rituais, nos símbolos e na história essencial, a potencialidade da evolução humana. Assim, os rituais e símbolos são a manifestação exterior, material, daqueles processos necessários e desejáveis que ocorram interiormente.
Cada vez que uma pessoa se dispõe a participar das comemorações de determinada festa cristã, então, estará vivenciando os passos de seu auto-desenvolvimento.
Nesta Semana Santa, tornou-se imprescindível mergulharmos em reflexão mais profunda sobre nossa vida e nossos valores.
Foi preciso criar a atmosfera de silêncio e serenidade interior. Não houve tristeza, nem existiu solidão. Houve solitude e intenso trabalho íntimo. E isto foi bom e necessário.
Ao mesmo tempo, foi essencial compartilharmos com nossos familiares e amigos os questionamentos sobre todos os aspectos ligados à pandemia, como inoculações, tentativa de segregação e perdas de liberdade.
No campo pessoal, também podem ter sido avaliados nossos hábitos de vida, nosso tipo de consumo e as nossas motivações para conviver, aprender e aperfeiçoar nossas habilidades.
Alcançamos, então, um momento há muito tempo desejado e oportuno: a pandemia da COVID-19 está claramente superada e a Semana Santa atinge seu ápice neste domingo de Páscoa.
Faço aqui uma analogia entre o período pandêmico e a Semana Santa: exatamente nesta pandemia, nós vivenciamos, na prática, as provações materiais e emocionais do afastamento quanto ao mundo externo e nos aprofundamos nas reflexões existenciais.
A pandemia apresentou o cenário real para podermos vivenciar sacrifícios e privações de diversas formas, abrangendo o âmbito material, emocional e espiritual.
Nesta sintonia entre estas três dimensões, nós podemos sentir o intrínseco entrosamento entre a vida material, anímica e espiritual. E precisamos reconhecer esta harmoniosa relação também na conformação do ser humano.
Esta tem sido uma época muito especial, porque toda a humanidade está irmanada, buscando a Verdade.
Reconhecemos que muitos de nós estávamos retidos na atmosfera do entorpecimento, presos pelas amarras das ideologias e submissos ao materialismo e seu pseudoconforto e ilusões.
Quantos estão despertando e se livrando das sombras da mentira, da tirania, da corrupção e da desesperança!
Cada um que tira a venda dos olhos traz a lucidez e a coragem em suas atitudes fraternas de auxiliar os demais na caminhada pela dignidade humana.
Estamos, constantemente, avaliando, ponderando sobre o valor da vida e sobre o risco da morte.
Mas não basta termos sobrevivido.
Não podemos sair desta pandemia sem vivenciarmos a necessária transformação. Portanto, é preciso dar sentido ao que foi vivido, elaborar a tragédia e cultivar o essencial, o aprendizado.
Conquistar o poder sobre a própria existência depende exclusivamente do seu despertar de consciência.
Somente a partir deste aprofundamento será possível celebrar a Vitória sobre a morte e a Ressurreição do Cristo no coração de cada um de nós, para que haja coerência entre as atitudes e o propósito de cada vida humana.
Assim, surgirá a nova humanidade.
Feliz Páscoa! Feliz Ressurreição!
